sábado, 23 de outubro de 2010

Documentos da Guerrilha do Araguaia são entregues ao Arquivo Público

27/08/2010 - 14h37
O Arquivo Público do Estado do Pará receberá, neste sábado (28), durante a XVI Feira Pan-Amazônica do Livro, documentos referentes à Guerrilha do Araguaia, que são importantes arquivos históricos da época. A documentação rara será entregue por Paulo Fontelles Filho, representante do Governo do Estado, para o diretor do Arquivo Público, João Lúcio, no stand da Secult (Secretaria de Estado de Cultura), que fica no centro do pavilhão de exposições do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.


Serão entregues três documentos referentes à Guerrilha. Uma certificação que permitia aos barqueiros trafegarem nos rios Araguaia e Tocantins. O documento, pertencente a um dos camponeses da guerrilha, é o único original e foi expedido em maio de 1972. O segundo diz respeito à incineração de processos referentes a título de terra, feita pelo exército, que queimava os processos de quem fosse suspeito. O documento descreve ações dos anos de 1973, 1974 e 1975.

O terceiro, doado pelo Ministério da Defesa, é um documento secreto que diz respeito a Operação Sucuri, realizada pelo exército. Expedido em abril do ano de 1973, é um levantamento feito pelas forças armadas, dos participantes da guerrilha. Estarão presentes na entrega Pedro Marizette, Vice Presidente da Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguaia (ATGA), Sezostrys Costa, tesoureiro da Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguaia, Ronaldo Fontelles, advogado e componente do Instituto Paulo Fontelles, e Paulo Fontelles Filho.

Movimento - A Guerrilha do Araguaia foi um movimento guerrilheiro existente na região amazônica brasileira, ao longo do rio Araguaia, entre fins da década de 60 e a primeira metade da década de 70. Criada pelo Partido Comunista do Brasil, uma dissidência armada do Partido Comunista Brasileiro, tinha como objetivo derrubar o governo militar, fomentando um levante da população, primeiro rural e depois urbana, e instalar um governo comunista no Brasil.

A grande maioria dos combatentes, formada principalmente por ex-estudantes universitários e profissionais liberais, foi morta em combate na selva ou executada após sua prisão pelos militares, durante as operações finais, em 1973 e 1974.

Segundo Paulo Fontelles Filho, a entrega desses documentos, até então inéditos, reforça a visão do estado da dimensão da repressão política da Ditadura Militar. 'Esses documentos mostram a visão das forças armadas da esquerda brasileira em relação à repressão militar', afirma Paulo, que também ressalta a presença de documentos originais. 'Dessa vez a gente conseguiu um documento original de um dos camponeses que participaram da Guerrilha', pontua Paulo.

Fonte: Secult

http://www.orm.com.br/2009/noticias/default.asp?id_noticia=487208&id_modulo=24

Grupo do Ministério da Defesa encontra ossada no TO

23 de outubro de 2010 0h 00
Leonencio Nossa / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo


O Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), criado pelo Ministério da Defesa, encontrou uma ossada em área do cemitério de Xambioá (TO) apontada por moradores como local de sepultamento de um guerrilheiro. Antropólogos e peritos continuam as buscas de restos mortais de militantes do PCdoB que participaram da guerrilha do Araguaia, ocorrida nos anos 1970 no sul do Pará.


Os ativistas de direitos humanos Paulo Fonteles Filho e Diva Santana, envolvidos no trabalho de buscas de informações sobre os corpos de guerrilheiros, foram cautelosos ao comentar a localização dos restos mortais em Xambioá. Não há indícios de que o cadáver possa ser de um integrante da guerrilha.

A chuva que caiu na tarde de ontem tarde paralisou o trabalho dos peritos. Neste fim de semana, os técnicos vão decidir se os restos mortais devem ser retirados do cemitério para análises de laboratório.

A indicação da área em que os restos mortais foram encontrados foi repassada por um ex-mateiro e um ex-coveiro à Associação dos Torturados na Guerrilha do Araguaia, que reúne agricultores pobres da região onde ocorreu o movimento de luta armada. José Moraes e Sezostryz Alves, representantes da associação, têm mobilizado agricultores para dar informações sobre possíveis sepulturas de guerrilheiros.

Buscas. Desde junho de 2009, o GTT fez escavações em possíveis locais de sepultamento. O trabalho atende a uma determinação da Justiça, que exige da União a entrega dos restos mortais dos guerrilheiros às famílias. No ano passado, o Estado divulgou reportagens com apontamentos de locais onde guerrilheiros foram executados. No sítio Tabocão, em Brejo Grande do Araguaia, a empresária Maria Mercês de Castro, irmã do guerrilheiro Raul, encontrou restos mortais que estão sendo analisados em laboratório de Brasília.

O Estado também apontou como locais de execução o sítio Manezinho das Duas, em Brejo Grande do Araguaia, que ainda não foi investigado pelo GTT, e a Clareira do Cabo Rosa, também no município. Neste último local, os técnicos disseram que houve mudança brusca no terreno que está prejudicando a localização de restos mortais.

Dos 69 guerrilheiros mortos no Araguaia, apenas dois tiveram os corpos reconhecidos oficialmente. Os restos mortais de Maria Lúcia Petit foram entregues à família em 1996.

No ano passado, o Estado revelou que o governo mantinha em uma sala do Ministério da Justiça, em Brasília, os restos mortais de dez guerrilheiros, retirados nos anos 1990 de cemitérios da região do Araguaia. Em meio à pressão, o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, foi obrigado a reconhecer o corpo de Bérgson Gurjão Farias, sepultado há um ano no Ceará.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101023/not_imp628710,0.php