Há exatos 40 anos tropas do Exército brasileiro iniciaram o maior e mais brutal ataque às forças revolucionárias que se opunham ao regime militar: a Guerrilha do Araguaia. Entre 12 abril de 1972 e janeiro de 1975, o Exército empreendeu três campanhas de cerco e aniquilamento dos guerrilheiros liderados pelo PCdoB. As ações mobilizaram mais de 10 mil soldados — o maior contingente militar desde a 2ª Guerra Mundial.
Por Mariana Viel, da redação do Vermelho
Camponeses de São Geraldo do Araguaia se reúnem durante reunião da associação |
Passadas quatro décadas do início dos combates, o espírito libertário dos guerrilheiros do Araguaia e seus exemplos de amor ao povo brasileiro se transformaram na luta dos camponeses do sul do Pará pelo restabelecimento da verdade. O diretor-tesoureiro da Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguaia, Sezostrys Alves da Costa, afirma que o espírito militante persiste.
“Nos espelhamos até hoje no movimento. Cada passo que damos nos dá ainda mais coragem para seguir. Aquela era uma causa justa. Os camponeses até hoje falam que se espelham muito no que ouviram e nas ações dos guerrilheiros. Nossa região é fortemente caracterizada pela ação dos guerrilheiros, pela resistência e pelo movimento camponês”.
Uma das maiores marcas da resistência camponesa na atualidade é pela reparação dos crimes cometidos pela ditadura. Com cerca de 300 membros, a Associação dos Torturados desenvolve um projeto denominado Ponto de Cultura Memórias do Araguaia — responsável por registrar em vídeo depoimentos de camponeses. Sezostrys explica que o resgate da memória mantém viva a esperança dos moradores da região na conquista de novas anistias junto ao Ministério da Justiça, uma luta para restabelecer a dignidade perdida.
Para ele, entre as conquistas da associação — fundada em 10 de dezembro de 2005 — está o reconhecimento do Estado Brasileiro da perseguição e da tortura de camponeses no Araguaia, e a consequente anistia já concedida a 45 camponeses. Em junho de 2009, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, através do então ministro Tarso Genro, fez o pedido oficial e público de desculpas a todos os Camponeses pelos atos do Estado durante a Guerrilha.
“A retomada da questão dos julgamentos dos processos de reparação aos camponeses também ajuda muito, pois restabelece a dignidade deles. A questão da localização dos desaparecidos políticos e, consequentemente, a abertura dos arquivos vai encorajar mais as pessoas a falar o que sabem em relação ao Araguaia”.
Marcas
Sezostrys participa de debates na Câmara dos Deputados, em Brasília |
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